HAMILTON DE HOLANDA TRIO

O Hamilton de Holanda Trio é o resultado da mistura de três memórias musicais. Hamilton de Holanda (bandolim 10 cordas), Guto Wirtti (contrabaixo) e Thiago da Serrinha (percussão) consolidaram uma peculiar mescla de raízes, frutos e vivências em uma identidade marcante. Eles trazem diferentes referências, mas apresentam uma forte intimidade no linguajar musical, seguindo a ideia presente em diversos discos de Hamilton: moderno é tradição. Mostrando seu entrosamento na ponta dos dedos, lançaram três álbuns que abarcam o mundo em seu abraço musical.  

 

A busca por uma sonoridade intimista e densa, levou o grupo a gravar o disco “Trio” (Brasilianos), lançado em 2013. O repertório e os arranjos assimilam peculiaridades das diferentes regiões do país e do mundo, fazendo uma mistura essencialmente brasileira. De norte a Sul, o álbum dialoga com todos. Com interpretações emblemáticas, ele apresenta um fox-fado, afro-sambas, caprichos e muito mais, o que evidencia a força e versatilidade do grupo. “Trio” ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria “melhor instrumental: solista” e foi indicado ao Grammy Latino na categoria “melhor álbum instrumental”. 


Três anos depois, esse encontro rendeu “Samba de Chico” (Brasilianos / Biscoito Fino), segundo disco do trio, que levou o Grammy Latino na categoria de melhor álbum instrumental e uma indicação na categoria de melhor engenharia de gravação. Ele é uma celebração aos 100 anos do samba e uma homenagem à obra de Chico Buarque, na qual o trio passeia por canções célebres como “Morena de Angola”, “A Banda”, “Samba do Grande Amor” e Roda Viva” e traz interpretações ímpares. Além disso, o disco contou com as participações do pianista italiano Stefano Bollani nas faixas “Vai trabalhar vagabundo” e “Piano na Mangueira”, da cantora catalã Silvia Perez Cruz que canta “O meu amor” e “Atrás da porta” e do homenageado, que canta “A volta do malandro” e “Vai trabalhar vagabundo”. 

 

Hamilton de Holanda faz ressoar pelos seus dedos as influências de vários mestres. Talvez um dos artistas mais especiais, significativos e marcantes na sua musicalidade seja Jacob do Bandolim, que conquistou como poucos a excelência na performance de um instrumento. Se estivesse vivo, teria completado 100 anos de idade em 2018. A celebração de seu centenário, assim como a de sua obra, foi a inspiração para o terceiro disco do Trio: “Jacob 10ZZ” (Brasilianos / DECK). O nome do álbum faz referência ao bandolim de 10 cordas do Hamilton, e ao parentesco entre o Choro e o Jazz.

 

A formação instrumental que reúne bandolim de 10 cordas, contrabaixo acústico (Guto Wirtti) e percussão (Thiago da Serrinha) tem sido uma escolha constante nos últimos trabalhos de Hamilton.  Nessa formação, o bandolim tem todo o espaço para criar, não só em termos melódicos, mas na rítmica dos acompanhamentos e em intrincadas “rearmonizações”, deixando ainda o contrabaixo e a percussão com muito terreno para evoluir. 

 

As releituras produzidas pelo trio são resultado de uma incessante busca pela beleza sentimental e pela espontaneidade. Guto Wirtti, de família musical, é referência no contrabaixo brasileiro. Acompanha Hamilton desde longa data, com quem construiu uma simbiose. Já Thiago da Serrinha, criado nos morros cariocas, carrega no nome e no sangue a tradição do jongo da serrinha, manifestação cultural associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca.